Patricia Marx oferece bom recorte do cancioneiro de Ivan Lins em álbum que fica entre a MPB, o jazz e o neo soul

03/10/2025

Capa do álbum ‘Nos dias de hoje, esteja tranquilo’, de Patricia Marx Divulgação ♫ OPINIÃO SOBRE DISCO Título: Nos dias de hoje, esteja tranquilo Artista: Patricia Marx Cotação: ★ ★ ★ 1/2 ♬ Não é boa a primeira impressão do álbum em que Patricia Marx dá voz a oito músicas de Ivan Lins, Nos dias de hoje, esteja tranquilo, no mundo a partir de hoje, 3 de outubro, em edição do selo Lab 344. A abordagem de Cartomante (1977) atenua a força do alerta metafórico feito na letra dessa emblemática parceria do compositor carioca com o letrista paulista Vitor Martins lançada na voz de Elis Regina (1945 – 1982). Tanto o arranjo quanto a interpretação da cantora diluem a potência da música. No entanto, à medida em que avançam as outras sete faixas do disco formatado de forma analógica com as vozes de Marx captadas em takes únicos e sem retoques na pós-produção, o álbum Nos dias de hoje, esteja tranquilo vai crescendo e termina com a sensação de que Marx oferece um bom recorte do cancioneiro deste compositor que celebrou 80 anos em junho com obra aclamada em escala mundial. Com toque de neo soul e breve alusão ao arranjo criado por Gilson Peranzzetta (nome fundamental na orquestração da obra de Ivan Lins de 1974 a 1985) para o registro original do álbum Modo livre (1974), a gravação de Abre alas – marco inaugural da parceria de Ivan com Vitor Martins – ganha progressiva intensidade, inclusive pelo canto de Seu Jorge, com quem Patricia faz feat na faixa. Na sequência, a cantora tangencia o clima asfixiante de Chega (Ivan Lins, 1974), outra música do álbum Modo livre, em gravação que evidencia o piano de André Freitas no arranjo calcado no som de trio de piano, baixo (o de Robinho Tavares) e bateria (a de Vitor Cabral). Apresentada por Ivan no álbum no álbum Awa yiô (1990), Ai, ai, ai, ai, ai se banha com a sensualidade lânguida do canto da intérprete e com o toque de latin jazz do trio. Balada da lavra mais romântica da obra de Ivan Lins com Vitor Martins, Vieste (1987) expõe em tom apropriadamente convencional a afinação da voz de Patricia Marx, cantora que cresceu em público após ser projetada na década de 1990 como integrante do grupo infantil Trem da Alegria. Mãos de afeto (Ivan Lins e Vitor Martins, 1976) também ganha registro correto de Marx, embora seja difícil para seguidores da MPB dissociar a música (exemplo da sofisticação melódica e harmônica da obra do compositor já octogenário) da gravação original e referencial de Nana Caymmi (1941 – 2025). Música da parceria de Ivan LIns com Gilson Peranzzetta, composta originalmente sem letra e cantada no álbum por Patricia Marx com vocalizes (sem os versos de Vitor Martins apresentados por Ivan em gravação de 1990), Setembro evidencia a naturalidade com que a cantora transita pelo universo do jazz. No arremate do álbum Nos dias de hoje, esteja tranquilo, Patricia Marx apresenta a grande surpresa do repertório, o samba Aparecida (1976), única parceria de Ivan com Maurício Tajapós (1943 – 1995). A faixa agrega valor a esse songbook em que Patrícia Marx canta Ivan Lins entre o latin jazz, a MPB e o neo soul, sem anular a personalidade construída pela cantora ao longo da carreira solo. Patricia Marx canta oito músicas de Ivan Lins no álbum ‘Nos dias de hoje, esteja tranquilo’ Luan Lopez / Divulgação

FONTE: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2025/10/03/patricia-marx-oferece-bom-recorte-do-cancioneiro-de-ivan-lins-em-album-que-fica-entre-a-mpb-o-jazz-e-o-neo-soul.ghtml

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